Antônio Calmon, o autor da novela VAMP, acaba de ganhar um apelido. Agora ele é o Senhor dos Vampiros, aquela pessoa que entende tudo, ou quase tudo sobre mordidas, dentes afiados, sangue, olhos enjetados, Transilvânia, caixões... "Tudo bem, só espero me livrar dessas coisas todas no final da novela", sonha Calmon.
E não foi fácil manter essa convicção já que durante os primeiros capítulos da novela, muita gente acusou Calmon de ter plagiado filmes e livros que tratam do assunto. Mas hoje Vamp tem uma cara tão própria que as críticas desapareceram na poeira da mediocridade. Quando um trabalho faz sucesso, todos te acham maravilhoso, mas quando dá errado...
No inicio, Antônio Calmon havia decidido que não iria fazer uma novela sobre vampiros. Usaria o tema apenas como um molho a mais. A reação do público foi tão positiva, nasceu um entusiasmo tão forte, que a própria TV Globo pediu doses e mais doses de maldades vampíricas. Atualmente o autor tenta imaginar como se dará o grande final que vai ao ar em janeiro. Adianta que as forças do bem entrarão em choque com as forças do mal. "Vlad voltará a ter aquele péssimo humor que lhe é peculiar e cada vez mais cruel assumirá o aspecto de vampiro medieval".
A partir desta semana os vampiros começam a recuperar seus poderes e poderão ver seus dentinhos crescendo, o poder de atravessar paredes tinindo novamente, os olhos ganhando aquele brilho diabólico. Crente que está com tudo em cima, Mary (Patrícia Travassos) desafia Vlad Polanski (Ney Latorraca) e se dá mal. "Vlad vai colocar um fecho-éclair na boca dela", diverte-se Calmon que dará um futuro negro aos personagens de Ivan (Paulo José) e Sílvia (Zezé Polessa). Ambos perderão a vida e o culpado é Vlad, que não mais assumirá a forma de Otavinho Freire, preferindo a sua própria personalidade. Com ela, morderá Matosinho (André Gonçalves) mas como o filho de Matoso (Otávio Augusto) é um jovem de bom coração, tem um lugar garantido na turma de Natasha.
Mais dois importantes personagens surgem em Armação dos Anjos para combater o Conde Vladimir Polanski. Os fantasmas de Felipe Rocha e Eugênia Queirós saem de seus túmulos dispostos a acabar com a maldição iniciada por Vlad há duzentos anos.
Como só a morte de Vlad pode salvar suas almas, os dois amantes deixam o mausoléu onde foram enterrados e vão para o casarão. Para destruir o vampiro, Felipe Rocha leva a mesma estaca que foi cravada no peito de Eugênia quando ela foi exorcizada por Frei Ambrósio em 1781, mas ao chegarem na cripta encontram o caixão de Vlad vazio. Com receio de terem de esperar mais duzentos anos para concretizar sua vingança, eles fazem uma prece pedindo para ficar na terra e combater Vlad. As preces são atendidas e seus espectros incorporam nos corpos de Jonas e Natasha.
Sem saberem que estão incorporando as almas de Felipe e Eugênia, Jonas e Natasha se comportam normalmente enquanto não se encontram, mas frente à frente repetirão os beijos apaixonados presenciados pelo Dr. Vicente Pedreira quando os hipnotizou, para desespero e ciúmes de Carmem Maura e Lipe.
SUCESSO POR CAUSA DO IMAGINÁRIO - ''Eu não fiz nada demais. Apenas recuperei o humor e devolvi o imaginário à novela. Cassiano Gabus Mendes fez isso em ''Que rei sou eu?", avisa Antônio Calmon que sentiu que o público já estava cansado dos temas típicos de novela. O bom e o mau, o rico e o pobre, a busca da paternidade, subúrbio versus cidade. Para que o gênero se salvasse da monotonia concluiu que existiam duas saídas. Esta que ele usou vitoriosamente em VAMP ou aquela traçada pela novela Barriga de Aluguel, em que se discutiu um tema polêmico, como a maternidade.
A imaginação volta com força total em VAMP, agora que Natasha (Cláudia Ohana) revive a sua Eugênia, a personagem do passado, apaixonada por Rocha, reencarnação de Jonas (Reginaldo Faria). Um amor sem igual que dura há 210 anos e que foi interrompido por Vlad. O personagem Vicentinho Fernando (Jorge Fernando) bem que tenta exorcizar os dois, mas, aquele amor imortal vai acabar dando muita dor de cabeça para Lipe (Fábio Assunção) e Carmen Maura (Joana Fomm) e para todos que batalham pelo bem. No final da novela vou voltar ao meu psicanalista, admite bem-humorado Antônio Calmon que já freqüenta um centro espírita.
Rose Esquenazi
Jornal do Brasil
24/11/1991
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