quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ALÉM DA NOITE PRETA - UM VILÃO MUITO "LINTINHO"


Tento participado de cerca de 20 novelas, Otávio Augusto nunca foi chamado para protagonizar uma história na TV. Mas baseado em sua disciplina de trabalho, ele diz que sempre que pega um personagem o transforma num protagonista. "Pelo menos para mim", diz com modéstia. Foi o que aconteceu em "Tieta", "Mico preto" e agora, em "Vamp". Ao ser convidado pelo diretor Jorge Fernando para viver o Matoso, o ator sabia apenas que ele seria um vilão milionário e antagonista de Jonas Rocha (Reginaldo Faria) e, imediatamente, pensou em criar artifícios para o personagem:

Ninguém é bom ou mau o tempo inteiro, sempre há dois lados. Então, pensei: 'O Matoso é um cara rico, mas o que ele faz?' Achei que era um grande contraventor e procurei ver onde podia ter uma empatia no relacionamento com o público.

O passo seguinte foi conversar com o autor Antônio Calmon e sugerir que Matoso tivesse um sotaque estrangeiro meio indefinido em sua origem. "Misturei o latino americano, com o israelista e o alemão e isso se tornou o lado cômico do personagem. E o brasileiro aceita muito mais a crítica através do humor", constata Otávio.

As expressões "lintinha" e "bitcho" surgiram porque o ator concluiu que Matoso jamais falaria "minha querida" ou "meu amor" para Mary. E foi ele também que teve a idéia de fazer com que o personagem tivesse só um canino longo quando vampirizado:

E isso a gente pode justificar, dizendo que ele tem só uma presa devido à sua deformação de caráter ou que um canino é pivô e só o natural cresce.

Gravando a novela de segunda a sábado, Otávio Augusto começa a ensaiar amanhã a peça "Algemas do ódio", na qual estréia em dezembro, substituindo o amigo José Wilker. Com isso, sobra pouco tempo para as filhas Manuela, de 19 anos, e Mariana, de 16. "Sinto não poder ficar mais com elas", diz o ator, que tem nas duas suas maiores fãs. "Ele tem um talento especial para a comédia e as cenas com a Patrícia Travassos são perfeitas", diz Manuela.

Por
O Globo
17/11/1991

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