Se foram os filmes sobre vampirismo que inspiraram Antônio Calmon a escrever Vamp, foram os comics que fizeram com que Jorge Fernando optasse por transformar as cenas finais de cada capítulo da novela em quadrinhos. "Uma história diária, que fica seis meses no ar, tem que ter alguma coisa forte que, a cada dia, marque seu fim", explica o diretor da novela, que considera a idéia um de seus maiores arroubos de criatividade. ''Com certeza essa foi uma das boas idéias que tive'', constata satisfeito.
Sem dúvida, as cenas finais de Vamp conseguiram muito mais que "dar um charme especial aos capítulos" ou gerar ''competição entre os atores para saber qual personagem será o próximo quadrinho", como conta Jorge Fernando. Elas conseguiram também atiçar a curiosidade do espectador, que não imagina que para colocar no papel a imagem congelada com os personagens da trama vampiresca, o desenhista Roger Mello passa algumas horas sentado ou ajoelhado em frente a um televisor, copiando as cenas que, em seguida, serão colorizadas e de pois gravadas e fundidas com a original.
Roger Mello |
''O ideal seria fotografar as cenas da tela e fazer o desenho sobre a fotografia. Mas não há tempo para isso", explica Roger, que recebe uma fita cassete apenas com as cenas finais. Dependendo da complexidade, ele fica de meia hora até o triplo do tempo para contornar a cena com lápis preto fino. "Tenho sempre que levantar o papel para conferir com o vídeo, porque o filme de poliester é fosco e a curvatura da tela deforma a imagem nas extremidades", explica o desenhista.
Depois de copiar as linhas básicas da cena no filme de poliester (da mesma transparência do papel vegetal, mas com a vantagem de não deformar o desenho), que é preso com durex à tela de um televisor, Roger realça o desenho com lápis de cera preto e., depois, escolhe a cor que vai fazer sobressair o aspecto mais importante da cena - além do preto, os desenhos têm sempre uma cor apenas. Depois de pronto, os desenhos são pendurados na parede do estúdio, gravados e na edição é feita a fusão da cena real com a desenhada por Roger.
Por Ana Cláudia Souza
Jornal do Brasil
29/9/1991
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