domingo, 10 de abril de 2011

UMA SUGADORA DE SANGUE, CHEIA DE SENSUALIDADE

Se você tem amor à sua jugular, tome cuidado. Uma linda e sensual vampira passará a freqüentar milhões de lares brasileiros através da tela global na novela Vamp. Mas não se apavore. Por trás da pesada maquiagem que transformará a roqueira Natasha em uma voraz sugadora de sangue está Cláudia Ohana, uma atriz cuja sede é de papéis onde possa mostrar como a beleza e o talento podem coexistir em harmonia.
A televisão estava em dívida com Cláudia. Se no cinema seu nome já havia sido consagrado em 12 filmes, alguns de sucesso internacional, a tela pequena não oferecia oportunidades tão boas desde Amor com Amor se Paga (Globo, 84), novela que não chegou a ser considerada marcante.
Em Tieta (Globo, 89/90), a participação da atriz limitou-se a velozes aparições em flash-backs no primeiro capítulo, como a protagonista (interpretada por Betty Faria) ainda jovem.
Na novela seguinte, a injustiça poderia ser reparada, não fosse Paula, a jornalista vivida por Cláudia em Rainha da Sucata (Globo, 90), uma personagem de poucos recursos. "Era um papel comum, sem variações'', diz a artista. ''Eu acreditava que, através dele, poderia fugir da linha de mulher exótica, estilo gostosona, e trabalhar mais na personalidade. Mas a Paula não evoluía, e acabou perdendo-se um pouco."
A consagração na TV tem tudo para chegar com Vamp. E a atriz aposta nisso, a ponto de refazer os planos de morar por algum tempo no exterior. Mas o convite formulado pelo diretor Jorge Fernando incluía outros atrativos. Na pele de Natasha, Cláudia poderá cantar - uma das músicas, inclusive, fará parte da trilha sonora da novela - e dançar, chances incomuns de exercitar as aulas de canto lírico e dança. Nada mau para quem sonhava desde pequena em ser cantora.

E complicada a operação para fazer da bela morena de olhos grandes e amendoados, cabelos abundantes e corpo perfeito uma figura macabra. A metamorfose de Natasha aprisiona Cláudia na sala de maquiagem por uma hora e meia, tempo necessário para a aplicação, entre outras coisas, de um par de lentes de contato amarelas e uma dentadura postiça com proeminentes caninos, característica essencial em qualquer vampiro que se preza.
Mesmo a trabalhosa transformação não é suficiente para tirar o ânimo de Cláudia, nem o espantoso resultado assusta a atriz de 28 anos, que garante não possuir qualquer espécie de misticismo: "Estou até estudando alguma coisa sobre vampirismo, mas não levo nada destas coisas a sério. Para mim, tudo é uma grande brincadeira.''

ATRIZ NÃO FICA NUA NA NOVELA - Cláudia Ohana pode ainda estar esperando pelo grande papel na TV, mas o cinema nunca deixou de ser generoso com ela. São nada menos do que 12 filmes, entre os quais os sucessos Ópera do Malandro, Erêndira, A Bela Palomera e Luzia Homem. Os traços exóticos sempre lhe valeram papéis sensuais, e em diversas oportunidades foi dirigida por Ruy Guerra, com quem foi casada e teve uma filha, Dandara, hoje com sete anos e acompanhando o pai numa viagem a Cuba.

Namorando o ator André Felipe desde os tempos de Rainha da Sucata - onde ele interpretou Maneco -, Cláudia já não coloca um show musical como prioridade para a eventual estréia em teatro, exercício fundamental para um ator, em sua opinião. Esperando uma ''grande transformação" que tirará o cinema da crise atual, ela mantém com carinho e sob sigilo alguns roteiros elaborados em tempos mais favoráveis. ''Hoje em dia tenho que dedicar-me totalmente à novela", justifica.

Carregando em sua bagagem artísticas participações em produções inglesas e italianas, fora alguns comerciais japoneses, a atriz - fluente em outras quatro línguas, além do idioma pátrio - está longe de ser uma pessimista e acredita piamente que o Brasil tem jeito. Vai demorar, mas tem. Mesmo tendo sua nudez exposta em vários filmes, Cláudia vai frustrar boa parte do público masculino, pois descarta qualquer possibilidade de aparecer sem roupas em Vamp. Aliás, é de opinião bem definida a respeito do assunto: ''Não sou pudica, mas acho que nada pode ser tão gratuito, senão vulgariza. Na verdade, é uma forma machista de explorar a mulher'', dispara. 

Publicado no jornal O Dia em 14/07/1991
Por  Omar de Souza

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2 comentários:

  1. Muito bom... também fiz um post sobre Vamp hoje... mas pretendo fazer outros melhores e mais completos!

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  2. Adoraria ser vitima de uma Natasha... hehehe

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