O merchandising ecológico chegou à TV. Os personagens de "Vamp", novela das 19h da Rede Globo, têm conversado sobre como salvar tartarugas marinhas nas pausas dos combates com os vampiros da região.
Há poucos dias, a ecologista Soninha (Bia Seidl) ensinava o capitão Jonas (Reginaldo Farias) a salvar tartarugas marinhas que ficam presas nas redes de pesca. Elas parecem mortas, mas estão só desmaiadas, explicava.
Em outro capítulo, Soninha e Jonas observam João (filho de Jonas, interpretado por Pedro Vasconcellos) mergulhar para prender na rede dos pescadores informações de como proceder ao capturar uma tartaruga. Jonas está num barco que pertence à Fundação Boticário de Proteção à Natureza, responsável pelo merchandising.
A Fundação pertence à fabricante de perfumes Boticário, que financia 29 projetos ecológicos no país, entre eles a base do Paraná do projeto Tamar. O Tamar está ligado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é um projeto lançado em 1980 que visa salvar as tartarugas marinhas da extinção.
As tartarugas marinhas saem dos pontos de procriação no Nordeste brasileiro e migram para o sul em busca de alimentos. Muitas ficam presas nas redes de pesca, não conseguem ir à superfície respirar e desmaiam. Os pescadores acham que elas estão mortas e, aí sim, as matam.
"Estamos procurando dizer aos pescadores que elas não estão mortas e o que deve ser feito para salvá-las", diz Guy Marie Fábio Guagni dei Marcovaldi, 37, coordenador nacional do projeto Tamar. Uma tática é colocar nas redes de pesca um manual plástico que diz como salvar as tartarugas - é o que fazia João na cena da novela.
Esta é a segunda fase do Tamar que iniciou seu trabalho identificando as áreas de procriação das tartarugas e protegendo-as. Hoje nascem perto de 250 mil tartarugas marinhas por ano no Brasil.
O Boticário comprou, por US$ 450 mil, um pacote com 12 ações de merchandising em "Vamp". Três delas, diz Elói Zanetti, 44, assessor de marketing da empresa, são ecológicas e se referem às tartarugas. "É bom para a imagem da empresa", diz.
Jorge Adib, 60, diretor geral da empresa que cuida do merchandising da TV Globo, a Apoio de Comunicação, diz que é a primeira vez que se faz merchandising ecológico desta forma.
Para salvar uma tartaruga afogada é preciso, em primeiro lugar, virá-la de "barriga" para cima. O ideal é colocá-la num terreno em declive, de modo que a cauda fique mais alta que a cabeça. Utilizando-se as mãos ou os pés, aperta-se a "barriga" da tartaruga várias vezes, para que a água saia.
Por
Daniela Chiaretti
Folha de São Paulo
19/10/1991
Para conhecer melhor a Fundação, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário